Como tudo começou
Pensei em fazer um resumo biográfico profissional logo de início aqui, mas acho meio chato. Depois de cinco décadas trabalhando e produzindo, ou fez-se tão pouco, que dá vergonha de mostrar, ou tanto, que se for contar vira uma ladainha. O mais ou menos, nem se fala.
Então resolvi falar sobre o início, sobre alguns fatos que contribuíram com o começo de minha trajetória como jornalista e escritora de ciência. E também de outros temas.
Em agosto de 1978, após concluir o curso de Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, retornei a São José dos Campos (SP), cidade onde morava minha família. E logo fui procurar trabalho nos dois jornais diários que existiam na cidade, o Agora e o ValeParaibano. Nesse último fiz algumas matérias como free-lancer, mas foi no Agora que encontrei meu primeiro emprego como jornalista. O tempo lá não foi longo, pouco mais que um ano, mas que ano intenso.
Aqui logo fiquei fascinada ao saber que os aviões que passavam voando baixinho eram, em grande parte, produzidos na cidade, na época a única do País com uma indústria aeroespacial em franco desenvolvimento. E esse fascínio me levou a propor matérias sobre a indústria aeroespacial em São José dos Campos. O diretor e então proprietário do jornal Agora, Luiz Gonzaga Pinheiro, não só aprovou como foi um grande incentivador e entusiasta das matérias que comecei a produzir.
Deixo aqui registrado o nome dele porque acredito que o seu incentivo ao meu trabalho, e o primeiro fascínio com as aeronaves locais, foram responsáveis diretos pelo caminho que escolhi para praticar o meu trabalho desde então, o jornalismo de ciência e tecnologia.
O fascínio pelos aviões logo ampliou-se para o espaço e os satélites, quando tive a chance de, logo no início de meu trabalho no Agora, em 1979, cobrir uma reunião no INPE onde foi decidido o desenvolvimento dos primeiros satélites brasileiros. Não poderia imaginar que ali se iniciava a minha trajetória na área de divulgação e jornalismo científico, que já há mais de 4 décadas ocupa o meu cotidiano.
Luiz Gonzaga e o jornal não existem há algum tempo, o setor aeroespacial está em crise, também há algum tempo e sobretudo após a pandemia. Mas para mim serão sempre referências do que foi e tem sido minha vida profissional e pessoal até hoje.